Notas Biográficas de Tomás de Kempis

Por Pe. Antonio Royo Marin, O. P.

O mais conhecido e lido dos autores ascéticos do mundo, Tomás de Kempis, nasceu em Kempen (junto a Colônia) em 1379. Aos doze anos foi enviado por seus pais para estudar em Deventer onde conheceu Florêncio Radewijns. Terminados os estudos se dirigiu em 1399 ao Monastério de Agnietenberg, onde seu irmão João de Kempis era prior. Não tomou o hábito até 1406. Sofreu naqueles anos grandes tentações e trabalhos, ignoramos, porém, de que gênero. Não lhe faltou, pois, experiência de vida. Em 1413 ordenou-se sacerdote. E no Convento de Agnietenberg permaneceu toda sua vida (com exceção dos anos 1429-1432), copiando códices, compondo obras espirituais, poéticas e históricas (não menos de trinta compiladas pela edição de Phol) e amestrando os noviços nas vias do espírito. Foi alguns anos prior e morreu em 1471 com a avançada idade de 92 anos.

Um cronista que viveu com ele nos relata sua espiritualidade dizendo que “era um grande amante da Paixão do Senhor e  admirável consolador de tentados e atribulados”. E outro, pouco posterior, acrescenta: “muito afável e consolador dos enfermos e  tentados foi este devoto e bom padre”. Aqui vemos a imagem de um Tomás de Kempis com toda sua piedade afetuosa e caritativa. Retrato verdadeiramente amável, que nos faz pensar em um religioso humilde, afável, sentimental e terno.

Obras de Tomás de Kempis

Para a formação religiosa dos noviços escreveu o Diálogo dos noviços, onde traça as devotas biografias dos fundadores da Devotio moderna; e uma série de pequenos tratados como o Livro do exercício espiritual, Doutrinal dos jovens, Manual dos párvulos, Hospital dos pobres, Da solidão e do silêncio, Sermões aos noviços, etc.

Da vida monástica e suas virtudes trata o Livro dos três tabernáculos, Da verdadeira compunção, Da disciplina claustral, Horto de rosas, Vale de lírios.

Quanto aos Sermões da vida e Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, não tem nada de sermões propriamente predicáveis; são o mesmo que as Meditações da vida e benefícios do Salvador Jesus e as Orações da Paixão do Senhor e da bem-aventurada Virgem, suaves considerações, afetuosos colóquios e preces mais ternas que profundas. Um dos mais belos livros de Kempis é o Soliloquium animae, nostalgia da pátria celeste, gemido da alma que busca a seu amado ausente, abrasado desejo de união com Deus; mas não passa as cancelas da mística, porque a consideração dos pecados o detém. Onde Tomás de Kempis voa mais alto é no pequeno tratado De elevatione mentis ad inquirendum sumum bonum.

Em nenhuma de suas obras Kempis revela uma mente lógica, nem um propósito de dispor organicamente os temas que toca. Dão a sensação de serem formadas em retalhos, seguindo o ímpeto da inspiração particular em cada momento, sem ordem nem plano previamente estabelecido.

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